Não são só os profissionais já conhecidos e consagrados no mercado da decoração que têm espaço na Casa Cor. As grandes novidades desta 24ª edição baiana têm nomes, sobrenomes e ambientes. São os arquitetos estreantes na mostra, jovens promissores, com um portfólio que não fica nada atrás dos mais experientes. E pela dose a mais de originalidade e ousadia, fica fácil reconhecer os projetos dos novatos.
“Será que daqui a dez anos eu vou conseguir estar na Casa Cor?”. Era o que passava pela cabeça da arquiteta Beatriz Cruz quando ainda estava na faculdade. E isso não tem muito tempo. A jovem se formou há pouco mais de ano. Mas, de lá para cá, muita coisa mudou. Paulista, Beatriz precisou, em agosto do ano passado, ir morar em Alagoinhas para acompanhar projetos que estava desenvolvendo na cidade. Assim começou sua carreira no mercado baiano.
Hoje, muito antes dos dez anos programados, a arquiteta assina um dos 33 ambientes da Casa Cor: os banheiros funcionais – aqueles que podem ser utilizados por quem vai à mostra, mas que nem por isso deixam de ser um espaço para visitar e admirar.
Beatriz conta que seu grande desafio, nesse projeto, foi agregar sofisticação a sustentabilidade. Mas sua inspiração na natureza ajudou. A estrutura de madeira que divide as cabines sanitárias, por exemplo, foi pensada para ser reutilizada após o evento.
Mas o destaque do ambiente vai mesmo para o piso de resíduos de marmorarias. A arquiteta trouxe uma montagem artesanal de restos de pedras que seriam descartados. Um trabalho que uniu justamente sustentabilidade e sofisticação – seu grande desafio.
Formada recentemente
Quem também é formada há pouco mais de um ano e está realizando o sonho cultivado na faculdade, de apresentar seu trabalho no palco da Casa Cor, é Stephanie Mattos. A arquiteta assina a Sala de Confraria, um espaço que integra um living e uma sala de jantar, com elegância e jovialidade.
Stephanie ousou e fugiu do padrão de cores mais neutras apostando no azul, “como uma forma de trazer mais descontração a um ambiente que seria ideal para receber amigos e familiares”. Mas, para não abrir mão da elegância, ela não deixou o preto de fora da paleta de cores do projeto, aplicando-o nos móveis e no piso.
Essa ousadia de sair dos padrões já predefinidos de cores e layouts é, de acordo com Stephanie, uma das características que os jovens arquitetos têm a agregar no mercado de arquitetura e design.
A Sala da Confraria de Stephanie também não deixou de lado a preocupação com a sustentabilidade. O piso é de madeira reaproveitada e customizada, as molduras dos quadros são de restos de MDF, e o mármore da adega também é de resíduos de uma obra. A parede azul, o destaque do ambiente, também foi pensada, de acordo com a arquiteta, para que seja facilmente modificada pelo cliente, “caso ele enjoe e queira trocar”.
Outra jovem aposta da Casa Cor deste ano é a dupla Caroline Gaspar e Cauã Witzke. Parceiros desde a época da faculdade, em 2014 eles abriram o próprio escritório e agora enxergaram na mostra uma forma de se posicionar ainda mais para o mercado.
A afinidade entre eles, de acordo com Caroline, torna o trabalho em dupla muito mais fácil. A arquiteta revela que, enquanto ele é muito mais técnico – responsável por toda a parte de funcionalidade e praticidade do projeto –, ela é quem comanda a parte mais lúdica e criativa da dupla.
E o resultado desse equilíbrio pode ser visto na varanda que eles projetaram para a Casa Cor. “Era um espaço aberto, com várias limitações, por conta do formato da edificação”, mas que conseguiram transformar em um ambiente de recepção com uma identidade brasileira, leve e elegante. Para isso, eles apostaram na vegetação e em obras de artistas baianos, como Bel Borba e mestre Didi.
O Bar Tonico também é prova da afinidade de seus idealizadores, os arquitetos Caio Bandeira e Tiago Martins. A dupla, que se conheceu ainda na escola, está no mercado há duas décadas, mas faz sua estreia este ano na Casa Cor.
Comandando o escritório com sede em Salvador e São Paulo, os sócios se dividem entre as capitais. Tiago é responsável pela equipe da capital baiana e Caio, pela sede paulista. “Mas a troca de ideias nos projetos é constante”.
Para Tiago, a experiência de se apresentar na Casa Cor é uma oportunidade de fazer um projeto mais conceitual, “de sair um pouco do comercial e olhar com olhos de inovação e ousadia”. E para isso, de acordo com a dupla – que não é tão jovem quanto os outros estreantes –, a segurança proveniente da experiência faz toda a diferença.
No jardim da Casa Cor, o bar da dupla é destaque. Pela localização, a ideia dos arquitetos foi, logo à primeira vista, algo que tivesse um contexto de natureza. E acertaram na mosca: a estrutura de madeira ripada quando interage com o sol traz traços africanos e um efeito de sombreamento de coqueiro ou palmeira em pleno Horto Florestal.
Outra aposta da dupla foi o verde. Presente no lounge e na pedra da bancada, a cor traz leveza ao ambiente noturno e ressalta ainda mais o contexto de natureza. Para quem gosta de tendências, a justificativa pode estar no fato de o verde ser, de acordo com Tiago, a nova promessa para a decoração. Mas, para quem não acredita nelas, o motivo pode ser apenas a ousadia, típica dos estreantes.
Publicada em: 26 de Outubro de 2019 – 07h06
Fonte: http://atarde.uol.com.br/imoveis/noticias/2102682-jovens-talentos-estreiam-na-24a-edicao-da-mostra